Não conto a ninguém…

Lembro-me de ti em criança, quando fugias de mim e para mim. Como era feliz, por me sentir tua confidente. Aos poucos as minhas irmãs foram cortadas, senti-me a morrer por dentro, chorei tanto, mas no fundo sentia que tinha um pequeno amigo, tu!
Eras o filho mais novo do sapateiro. O rufia da família, tímido, impulsivo e muito amoroso. Corrias para os meus ramos, depois de fazeres uma travessura, e contavas-me que tinhas sido vítima de uma grande injustiça. Como adorava quando tu endiabrado trepavas-me e baloiçavas-te nos meus ramos. Tenho no meu tronco gravado o teu nome e o da tua primeira namorada… que não conto a ninguém!
Com o passar do tempo, tu cresceste deixaste de ser chamado de Ruca, passaste a ser tratado com toda a pompa e circunstância: cresceste tanto e engordaste, ficaste rechonchudo, como gostava de te ver assim tão perfeitinho. Os teus olhos meigos e doces foram ficando ansiosos, o dinheiro passou a ser o teu lema. Ficaste tão alto, mais alto do que o meu tronco e deixaste de correr para mim. Mas, eu continuava a amar o menino que insistias em manter escondido dentro de ti… até que um dia, mandaste um trabalhador, sem nome e sem rosto, visitar-me.
Com os meus ramos acendeste a lareira, do meu tronco fizeste um banco.
Já se passaram trinta anos, continuas a ser o meu tesourinho e, todos os dias sentas-te, nos meus restos e ficas a olhar o jardim com saudade…!?

Campanha para proteger o Planeta Azul, a Terra.

Vídeo oferecido pelo, meu colega e amigo, Tino. Obrigada!