quinta-feira, 20 de outubro de 2011

eleita

A reunião à hora do almoço, dançou. A Graça é pequena, sim! Mas é forte em vontade. Fez-se a reunião,  no fim das aulas, e durou cerca de 17 minutos que seriam 17 minutos a menos na minha hora de almoço, sobretudo na minha hora de   liberdade. Liberdade de quê? Não é dos alunos, com estes, se os relógios não existissem,  ficava pela noite dentro até o sol nascer. Eu não gosto é de alguns  colegas.   Nunca estive assim, estar com eles é um tormento.  
A sala de professores é muito, mesmo muito pequena, para andar batemos uns nos outros. Há quem diga que é acolhedora, para mim é sufocante. Tudo ali sufoca-me: os livros, os dossiês, as mesas, as cadeiras, a falta de luz...
Não votei em ninguém. Nenhuma delas merece grande importância. São meros seres humanos que nasceram para encher o mundo de idiotices. Ainda se andassem nus, talvez tivessem algo para mostrar. O corpo humano é tão belo, mas ali não deve haver beleza, só o vácuo enchido pela roupa.
Fui eleita presidente da mesa de eleições. Antes da eleição tive uma conversa com um colega e disse-lhe: vou ser eleita. O colega afirmou que escolheriam outra pessoa e que talvez fosse ele, o eleito. O meu colega não é como os outros, é micaelense e  escapa à pasmaceira latente da parvoíce. Depois do resultado, disse-lhe a celebre frase: não te disse. Tens de acreditar mais em mim. 
A terceira eleita estava atónita e dizia: deve haver algum erro, devem de estar a confundir-me com outra com o mesmo nome.  Tive pena dela. Levantei-me e já junto dela disse em voz bem alta, e quem me conhece sabe que a minha voz até no inferno se ouve, não fiques assim. Foste eleita porque tens algo de especial, não passas despercebida. Se fosses mais  uma  como elas não estarias eleita, mas morrerias de tédio e infeliz a fazer mal aos outros. Neste instante, senti uma mão  a segurar a minha, era uma colega que efetivou comigo o ano passado. Disse-me votei no 1º ciclo. Olhei-a nos  olhos e esqueci a votação, a presidência à força, as coisas que me rodeavam e  perguntei-lhe: estás bem? Pareces-me cansada.  Saímos  a conversar sobre as dores dela. Às vezes basta um gesto de carinho para esquecermos todo o mal que nos fazem.



2 comentários:

Anónimo disse...

Boa noite, amiga!

Gostei de ler "eleita", muito em particular "Às vezes basta um gesto de carinho para esquecermos todo o mal que nos fazem".

Como isso é uma verdade nua e crua!

Uma boa noite, bom fim de semana, beijinho e inté...

Fátima

Krïxtïna disse...

É impressionante como as "coisas pequenas", num abrir e fechar de olhos, transformam o nosso estado de espírito.

Esquece o resto. Tu és fantástica :-)

Beijinho e bom fim de semana