segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Encomenda encantada…





No passado mês de Dezembro, no dia 18 pelas treze horas, saiu do bloco de apartamentos fustigada pela chuva e pelo vento rumo ao posto de correios da freguesia. Levava na mão um saco e um desejo enorme de se despachar. Já no correio pediu às pessoas que estavam à sua

frente que a deixassem ser atendida primeiro. Assim, aconteceu, pagou o selo da encomenda e foi informada que a mesma só sairia daquele posto de correios na segunda-feira da semana seguinte.


Passou-se o dia de Natal, chegou a célebre despedida do ano velho e a encomenda nunca chegara à ilha vizinha. Regressou ao bloco de apartamentos e foi aos correios perguntar se sabiam alguma coisa: estranharam? Mas a encomenda não apareceu! A destinatária já estava desconfiada. Haveria ou não a tal encomenda ou seria uma encomenda imaginária!?



Farta de esperar fez uma última tentativa, no dia 11 de Janeiro, foi ao posto dos correios e soube que podia reclamar e pediu o dito impresso. Já no apartamento começou a preenchê-lo…

Dia 13 de Janeiro, oito horas, ouviu um ligeiro toque na porta,ainda de pijamas, com o cabelo meio arranjado e meio por arranjar abriu a medo a porta do apartamento. Era a vizinha do lado, com a sua encomenda. A encomenda estava sem selo, toda molhada e foi informada que estava junto à sua caixa de correio. Agradeceu a gentileza e fechou a porta meio atordoada. E lembrou-se: “ o carteiro faz a ronda da distribuição por volta das 15 horas, regressei a casa às 17 horas e trinta minutos espreitei para dentro da minúscula caixa de correio e nada tinha de interesse.


-O que se teria passado?



- Quem teria colocado a encomenda durante a noite?



- O que fazer?

- E quais as consequências que terei de enfrentar se quiser apurar responsabilidades? “

Afinal, será que vivemos num país democrático?

2 comentários:

Amizade no silêncio disse...

Silêncio...

Já o silêncio não é de oiro: é de cristal;
redoma de cristal este silêncio imposto.
Que lívido museu! Velado, sepulcral.
Ai de quem se atrever a mostrar bem o rosto!

Um hálito de medo embaciando o vidrado
dá-nos um estranho ar de fantasmas ou fetos.
Na silente armadura, e sobre si fechado,
ninguém sonha sequer sonhar sonhos completos.

Tão mal consegue o luar insinuar-se em nós
que a própria voz do mar segue o risco de um disco...
Não cessa de tocar; não cessa a sua voz.
Mas já ninguém pretende exp'rimentar-lhe o risco!

David Mourão-Ferreira, in "Tempestade de Verão"

Armando disse...

Que lindo...