sexta-feira, 23 de abril de 2010
Ilhas de Bruma
Ainda sinto os pés no terreiro
Onde os meus avós bailavam o pezinho
A bela Aurora e a Sapateia
É que nas veias corre-me basalto negro
E na lembrança vulcões e terramotos
Por isso é que eu sou das ilhas de bruma
Onde as gaivotas vão beijar a terra
Se no olhar trago a dolência das ondas
O olhar é a doçura das lagoas
É que trago a ternura das hortênsias
No coração a ardência das caldeiras.
Por isso é que eu sou das ilhas de bruma
Onde as gaivotas vão beijar a terra
É que nas veias corre-me basalto negro
No coração a ardência das caldeiras
O mar imenso me enche a alma
E tenho verde, tanto verde a indicar-me a esperança.
Autor: José Ferreira
Pianista, a micaelense, Professora Ana Paula Andrade.
1 comentário:
A Possibilidade de uma Ilha
Minha vida, minha vida, minha muito ancestral
Mal cumprido o meu primeiro voto
Repudiado o meu primeiro amor,
Precisei do teu retorno.
Precisei de conhecer
O que a vida tem de melhor,
Quando dois corpos brincam com a felicidade
E se unem e renascem sem fim.
Dominado por uma dependência total,
Sei o estremecimento do ser
A hesitação em desaparecer,
O sol que incide de través
E o amor, onde tudo é fácil,
Onde tudo é dado no momento;
Existe no meio do tempo
A possibilidade de uma ilha.
Michel Houellebecq, in "A Possibilidade de uma Ilha"
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