sábado, 21 de maio de 2011

cavalo


Vivo experiências inéditas, algumas me parecem engraçadas, com o passar dos anos, outras deixam marcas profundas. Muitas calo-as porque as vivi sozinha. Porém, vou contar algo que teve várias testemunhas oculares. Uma nova personagem entrou na história da minha vida, um cavalo jovem e de cor castanha. Ontem, no meu passeio diário, com uma amiga, o seu filho e a sua gata, à ponta do Topo. A meio da descida, vimos um cavalo a correr pelos prados. Distraída, como sempre, não dei grande importância. Antes de chegar ao farol, o cavalo estava numa reentrância a tentar comer umas ervas recém cortadas, olhou-nos com delongado interesse e dirigiu-se a nós. Eu escondi-me atrás de um pequeno balde de lixo, de um domicilio, mas com o tempo verifiquei que não valia a pena esconder-me. O cavalo esticava o seu pescoço para cheirar-me, enfiava a cabeça no balde de lixo e voltava a aproximar-se de mim. Aproveitei a distracção do cavalo, com umas pequenas ervas, e muita caladinha comecei a descer a encosta. Já estava a recuperar, um pouco da tensão nervosa que se acumulara no meu corpo, quando oiço um galope atrás de mim. Era o cavalo. Seguiu-me para todo o sítio: escondi-me atrás de um carro, ele ficou à espera que eu me decidisse a sair; subi as escadas de uma casa, ele também as subiu; alberguei-me nos degraus de uma quinta, ele ficou à entrada com a cabeça virada para a mesma. Eu andava muito direitinha, tesinha que nem um pé de uma mesa, com o cavalo muito junto de mim, tão próximo que sentia o seu resfolgar nos meus caracóis. A determinada altura, vi um senhor, a trabalhar nos campos, e perguntei -lhe de quem era o cavalo. O homem não sabia.
E o cavalo? Continuava à minha beira.
Recomecei a andar, com o bicho colado em mim, acompanhando a minha sombra, comecei andar em ziguezague. Assim andávamos os dois de um lado para o outro da estrada. Não estava a gozá-lo, mas sim com medo. Por vezes, tinha a sensação que se eu parasse de repente o cavalo magoar-me-ia sem querer. Entrei no pátio de uma casa, não será preciso dizer que o cavalo seguiu-me. Já irritada com os risos dos tolos que me acompanhavam. Virei-me para o cavalo e disse-lhe: ÓOOOOOO. O cavalo parou. Ficámos de frente um para o outro. Eu sabia que ele tinha fome, mas o que é que eu podia fazer? Onde arranjar-lhe comida? Estavam todos a rir e ninguém fazia nada. Eu Já zangada com a situação, confusa e, de certa forma, uma onda de desespero crescia dentro de mim. O cavalo ainda me acompanhou mais um pouco. Depois ficou parado, à espera que eu voltasse do sítio onde estava sentada, como eu não me mexia, subiu a ladeira e voltou para o lugar, onde o tinha encontrado. Para regressar tive de voltar a fazer o mesmo percurso, mas desta vez ele ficou só olhar-me e não me seguiu.


4 comentários:

Fátima Vargas disse...

Olá, minha amiga!

Que delícia! Agora é a vez de eu, aqui feita tola, me rir, não pelo teu medo, mas pela maneira engraçada como contas esta aventura! Como se diz na minha terra "Está de gritos"!

O teu sentido de humor está bem vivinho em "cavalo", o que é muito bom.

Imagino que hoje, ao pensares no que aconteceu, já deves ter dado alguma daquelas tuas gargalhadas saudáveis que fazem bem à alma e ao coração. Estou certa?

Minha querida, uma boa tarde de Domingo, beijinho e fica bem!

Fátima

Luis disse...

Sabes bem que os animais te adoram!
Em Espanha foi um cão!
Em S. Jorge era um Burro!
Agora um cavalo!
Se um dia te atreves a entrar no mar, decerto vais ser seguida por golfinhos...

Mello disse...

Depois que não sejam tubarões no mar e galinhas em terra, com o resto cá me aguento.

Krïxtïna disse...

Mas que situação mais marada, acontece-te cá com cada uma....!!!!!
Até eu senti medo. Felizmente acabou tudo bem.
Um beijinho e uma boa semana :-)