
Desabafo dum amigo, que não encontra justificação para o seu pecado mortal, que é viver. Viver ao sol, gratuitamente, como um lagarto. Respondi-lhe que a maravilha da vida é tudo nela ter justificação. É, da mais rasteira erva ao mais nojento bicho, não haver presença no mundo que não seja necessária e insubstituível. Que, do contrário, era faltar na terra esta admirável plurivalência, que faz de uma tarde de sol, de trigo e de cigarras o mais assombroso espectáculo que se pode ver. O medir depois a distância que vai da formiga ao leão, da urtiga ao castanheiro, de Nero a S. Francisco de Assis, é uma casuística que não tem nada que ver com a torrente de seiva que inunda o mundo de pólo a pólo.
Foi-se, e à tarde apareceu-me com um belo poema.
Miguel Torga, in "Diário (1938)"
2 comentários:
Olá, minha amiga!
Gosto muito de "A Maravilha da Vida é Tudo Nela Ter Justificação" Que verdade só este título nos diz!! Sabemos que é mesmo assim, mas nem sempre paramos para pensar.
Boa noite e bom fim-de-semana!
Beijo,
Fátima
Olá Boneca. Criei um blog, hehehehe....
Ainda não percebo nada disto mas assim é mais fácil para te deixar comentários.
Concordo plenamente com este título.
Um beijinho e fica bem :-)
Krïxtïna
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