Por vezes, os dias menos felizes começam com uma observação depreciativa de alguém, que não tem mais nada para dar, depois vai-se complicando: as faltas de respeito tornam-se mais intensas e passam à ação, a seguir vem as amigas do amigo que nos mostram por A+ B que somos menos importantes do que deveríamos ser e que a atenção, que deveria ser dispensada mais connosco, dispersa-se pelas amigas, depois mais uma ação brutal e ofensiva e, para que nos afundemos mais depressa, os bens materiais começam avariar. E no fundo, bem no fundo, sabemos que se não reagirmos, ao estado de desânimo, que o descalabro continua até nos consumir no mais absoluto desespero.
Mas, ainda resta o poder de inventar, posso inventar sem magoar ninguém, que a minha vizinha não é uma sanguessuga mas uma amiga a sério, que a pessoa que me ofendeu depreciando-me já se arrependeu, que o meu amigo é, mesmo, mais meu amigo, que a máquina de lavar continuar a lavar, silenciosamente, que estou num lugar onde toda a gente me aprecia e que este ano, com aquele horário maravilhoso, vai ser leve, leve como a folha que caí da árvore na estação de outono.
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