Pai

Sou filha de um homem honrado que dizia que a palavra devia  ser respeitada, honrada e cumprida, caso contrário não deveria ser dada. Um homem meigo, alegre e que adorava rir. Tem uns olhos de cor indefinida como os meus, uns caracóis rebeldes como a filha, quando se zanga um mau feitio como eu. Sempre teve tanta força, pai de cinco filhos que nunca precisou de pedir, nem de auxílios, para sustentar a família. Muito generoso com todos. Como todos dizem um BOM HOMEM. Adorava quando os meus pais ficavam a conversar na mesa depois do almoço, falavam do seu tempo das pessoas que conheciam, era tão bom ouvi-los. Ele já não conversava algum tempo teve duas tromboses - quando estava a recuperar duma foi acometido de outra mais forte, mas reagiu e estava no seu juízo perfeito. 

Desde sexta-feira, está no hospital, nos cuidados intensivos, teve mais uma trombose, desta vez não reconhece as pessoas à sua volta, já não come (ele que era muito comilão), só se lembra do nome completo da minha mãe, mas não a reconhece. O que reservará  a vida, estúpida vida, desta vez.

Deixo uma das músicas que ele gostava de cantar, só a cantava não a praticava, o meu pai  sempre soube  respeitar os outros.